No passado Domingo, houve finalmente tempo para ver o documentário sobre a
Goldman Sachs do canal Arte; além do calafrio que me causou, registo uma imagem
que me marcou: um activista vestido de Irmão Metralha, à saída da audiência
pelo Senado dos E.U.A de “Fabulous Fab”. Quando “Fabulous Fab” se prepara para
sair da sala, o Irmão Metralha empunha um cartaz onde se lê “Shame” (i.e.
vergonha); o cartaz cai no chão; o polícia, ao lado do Irmão Metralha,
ajoelha-se para apanhar o cartaz onde se lê “Shame”, levanta-se e devolve “Shame”
ao Irmão Metralha. De que lado terá ficado, então, esta vergonha?
“Fabulous Fab” é o “trader” francês da Goldman Sachs que alegadamente
orquestrou a operação “Abacus”, que permitiu englobar num pacote
empréstimos-habitação de alto risco de insolvabilidade convertidos em produtos
financeiros com a classificação máxima de “AAA” que Goldman Sachs vendeu a
clientes por um valor de €750 milhões enquanto, concomitantemente, especulava em
baixa sobre esses mesmos títulos. Como resultado, o valor de tais títulos sucumbe
e vários investidores – pessoas, de carne e osso, bancos de menor dimensão –
perdem os seus investimentos e, alguns, os investimentos de uma vida; certamente, como nestes jogos de casino, quando alguém perde, há sempre alguém
que ganha, e, aqui, quem ganha, é a Goldman Sachs. Mas de quem é a Goldman Sachs? Talvez, como todas as grandes companhias hodiernas, de ninguém ou acoplado a uma mão invisível haverá também um rosto invisível?
Para saber mais sobre o assunto:
http://www.lesinrocks.com/2012/09/02/actualite/goldman-sachs-vieille-dame-indigne-11292106/
(consultado a 21 de Outubro)
http://www.nytimes.com/2012/03/14/opinion/why-i-am-leaving-goldman-sachs.html?pagewanted=all&_r=0
(consultado a 21 de Outubro): artigo de GREG SMITH; “Why I Am Leaving Goldman
Sachs”
http://www.nytimes.com/2012/10/20/business/why-i-left-book-about-goldman-falls-short.html?pagewanted=all
(consultado a 21 de Outubro de 2012): NYT diz que o livro de Mr. Smith não
apresenta factos que suportem o que ele alega. Terá a montanha parido um rato ou será impossível alguma montanha parir algo que desvele o que se passa na Goldman Sachs?