No
Norte da Nigéria, em Kano, a segunda maior cidade do país, uma caixa de madeira
guarda economias de toda uma cooperativa. Em folhas de papel longe de estar
liso, inscrevem-se economias e as linhas azuis naquela página de papel branco não
mostram mais que 10 ou 20 cêntimos de euro por cooperante. Contudo, estas
pequenas economias permitem fomentar toda uma economia local, através de
empréstimos que permitem comprar animais, que depois ajudam a repagar o
empréstimo e propiciam uma vida mais condigna. No ecrã de televisão onde vejo
esta notícia há quase só mulheres. Os homens estão muito atarefados para este
tipo de empreendedorismo. Contudo, há um homem que quer fazer parte desta
cooperativa. Ele diz que ouviu falar daquelas mulheres e daquela cooperativa e
que gostaria de comprar um animal para (sobre)viver. Elas levantam-se da
cadeira, fincada sobre o pó da terra batida, ao lado da árvore que lhes ampara
o sol e os pensamentos, e explicam-lhes as condições. No final, dizem-lhe que
aquela caixa de madeira guarda também um pote de barro onde aqueles que
violem o pacto colocam as notas da punição. No Norte da Nigéria, em Kano, a
segunda maior cidade do país, a emancipação feminina começa numa caixa de
madeira.
A caixa azul-azul não parecia ser de madeira mas lembrei-me das mulheres de Kano quando vi esta notícia sobre as mulheres dos bairros de lata de Rangoon, na Birmânia: http://www.youtube.com/watch?v=Nbfk8w1aIfE
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