"Onde está a esperança?". Era este o mote para o programa “Prós e Contras” do dia 12 de Novembro, dia
em que Angela Merkel visitou Portugal.
No decorrer do programa, procurava-se a esperança quando, a determinada
altura, a esperança levantou-se e falou: disse que tinha 48 anos, um subsídio
de desemprego de €248, que antes trabalhava no comércio e que vivia com duas
filhas, uma delas com 22 anos e também desempregada. A filha mais velha não pôde
ingressar no ensino superior por razões que se subentenderam. Havia também um
abono de família de €42 da filha mais nova, que tem 15 anos e que estava a estudar.
Esperança (digo, Gertrudes) já tinha vendido os anéis e já nem anéis havia. Havia
também um subsídio de reinserção de €42. Fátima Campos Pereira pergunta: “Onde
está a sua esperança, hoje”? Infelizmente, poucos naquela sala, incluindo a
apresentadora, se aperceberam que a esperança estava ali, era ela, personificada
em Gertrudes Moura, porque não interessa o que se lhe chama mas aquilo que é.
O que fico a pensar é que, havendo tanta dificuldade para perceber que a Esperança
estava ali, naquela sala cheia, será que deixámos ir embora a Esperança sem a
confortar, sem a ajudar, sem dizer-lhe: Esperança (digo, Gertrudes), isto não é
muito mas dentro deste abraço-envelope vai o que ainda temos, a solidariedade
deste país. Talvez não tenha havido abraço-envelope, e mesmo se tivesse havido,
não era caridadezinha, era um dever de solidariedade.
A senhora Merkel, penso, nunca ouviu falar de Gertrudes Moura mas já terá
ouvido falar de esperança; não sei é se a reconhecerá nestas vestes. E os
senhores Primeiro-Ministro e Presidente da República? Falaram, respectivamente,
à senhora Merkel da Gertrudes Moura (digo, da Esperança)?
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