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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A propósito de estrelas II: A cauda da estrela

Os biscoitos estrela-corações da L. C., que me foram trazidos por um amigo, vinham embrulhados numa folha de papel branco, como o forro da alma. Havia corações desfeitos que se misturavam com o pozinho que as estrelas libertavam. Houve um bocadinho de estrela que ninguém comeu, e que nos pareceu ser a sua cauda. Guardei religiosamente essa cauda da estrela no interior da alma branca de papel; guardei-a de tal maneira que me esqueci de trazê-lo nesta viagem; agora, direi à minha mãe que a coma; assim, da próxima vez que procurar a cauda da estrela saberei onde a procurar. Só não sei onde me leva…

domingo, 8 de janeiro de 2012

"A propósito de estrelas"


A propósito de estrelas, por Adília Lopes

Não sei se me interessei pelo rapaz
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com as estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas

In Um Jogo Bastante Perigoso, edição da autora, 1985. Incluído em Adília Lopes - Quem Quer Casar com a Poetisa?, Edições Quasi, 2001. Selecção, organização e posfácio de valter hugo mãe. 

Post-Scriptum: Texto lido por ocasião das bodas de estrelas dos meus padrinhos.