Os biscoitos estrela-corações da L. C., que me foram trazidos por um amigo,
vinham embrulhados numa folha de papel branco, como o forro da alma. Havia
corações desfeitos que se misturavam com o pozinho que as estrelas libertavam.
Houve um bocadinho de estrela que ninguém comeu, e que nos pareceu ser a sua
cauda. Guardei religiosamente essa cauda da estrela no interior da alma branca
de papel; guardei-a de tal maneira que me esqueci de trazê-lo nesta viagem;
agora, direi à minha mãe que a coma; assim, da próxima vez que procurar a cauda
da estrela saberei onde a procurar. Só não sei onde me leva…
Mostrar mensagens com a etiqueta estrelas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta estrelas. Mostrar todas as mensagens
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
"A propósito de estrelas"
A propósito de
estrelas, por Adília Lopes
Não sei se me interessei
pelo rapaz
por ele se interessar por
estrelas
se me interessei por
estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando
penso no rapaz
penso em estrelas e
quando penso em estrelas
penso no rapaz como me
parece
que me vou ocupar com as
estrelas
até ao fim dos meus dias
parece-me que
não vou deixar de me
interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me
interesso por estrelas
se me interesso por um
rapaz que se interessa
por estrelas já não me
lembro
se vi primeiro as
estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi
as estrelas
In Um Jogo Bastante Perigoso, edição da autora, 1985. Incluído em Adília Lopes - Quem Quer Casar com a Poetisa?, Edições Quasi, 2001. Selecção, organização e posfácio de valter hugo mãe.
Post-Scriptum: Texto lido por ocasião das bodas de estrelas dos meus padrinhos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)