Andava há já uns tempos à procura de uma
carteirinha de cabedal para pôr trocos como a que o meu avô Ferreira usava; dentro,
havia moedas da obra de vimes e de outros cantos da vida. O cabedal, como a
vida, ia mudando de cor conforme o uso.
Há dias, no Largo da Restauração, no Funchal, (re)encontrei
o senhor que trabalha com cabedal e que tinha as - infelizmente já caídos em
desuso - carteiras. “Os chineses vendem estas carteiras, em plástico, a €2 e €3
e as pessoas compram. Os taxistas já não as usam”. O que ele não sabia é que eu
tinha perguntado a um taxista amigo da botânica e das línguas, em suma, curioso
da vida, onde poderia encontrar estas carteirinhas. Quando a encontrei, fiquei
contente; foi como dar um abraço ao meu avô. Da próxima vez que transportar
troco, fá-lo-ei na minha carteira de cabedal da Madeira, enquanto a cor da vida
vai mudando.
O Largo da Restauração leva o nome de todo um
percurso histórico, que, em 2012, não será lembrado com um feriado mas eu nunca
me esquecerei que o Largo da Restauração restaurou-me o gosto de guardar trocos nas carteiras de cabedal do meu avô.
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