Hoje, de manhã, com o chão da cozinha banhado pelo sol que lá entrava,
ouvia Sinais. Falava das nuvens e da proximidade de voar e orar (a palavra
orar, como voar, contêm já a palavra ar). Falava-se das nuvens e de quando se
está acima das nuvens e, eu, que continuava com a cabeça acima delas,
cortava em dois a maça com o desejo do batido que me abriria a manhã (uma manhã-maçã).
Mas, logo a seguir, caía das nuvens, ao ouvir que, em Espanha, se chegaria,
pela primeira vez, aos cinco milhões de desempregados. Não sei se, lá, nas
nuvens, há emprego (ou falta dele) – exceptuando, claro, os homens e mulheres
que trabalham nas companhias de aviação, em missões espa(/e)ciais, e, evidentemente, no
domínio das artes (haverá um domínio nas artes, ao lado do domínio das artes
(?), talvez – mas, quanto a mim, gosto de estar com a cabeça nas nuvens mas com
os pés fincados deste lado das nuvens: é aqui que (a) gente mora.
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