segunda-feira, 16 de julho de 2012

C’est nous qui étions priviligiés





Esta foi uma das imagens que mais me marcou nas celebrações deste 14 de Julho; o fotógrafo polaco Alek Nowak tirou esta fotografia no dia 14 de Julho numa rua de Cracóvia. Não será a “liberdade guiando o povo” de Delacroix mas poderá ser a “liberdade abraçando o povo” mesmo que os braços dos abraços sejam imaginários (e não há realidade que resista à imaginação). Apesar de não termos visto, foram estes braços, os braços do povo que se casou com a rua nesse dia de pão (companheiro: aquele com quem compartilhamos o pão; cum, panis) e fraternidade que amparou o pára-quedista que, nas celebrações do 14 de Julho deste ano, caiu mal, e que, quando abordado pelo Presidente Francês, disse “Désolé, Mr. le Président”, como se dissesse, “Désolé, la France”, ao que o Presidente (e a França) retorquiram “C’est nous qui étions priviligiés (…)”.

A liberdade, nesse dia, saiu à rua, em Cracóvia e em França. A liberdade, nesse dia, vestiu-se de noiva, como se vê na fotografia e casou-se com o povo, com o povo desdentado, com o povo com acne, com o povo de cabelo desgrenhado e oleoso. Se o amor pelo povo triunfar, ultrapassaremos esta fase de provações que a Europa e outros países atravessam. Cabe-nos a nós, o povo, decidir pegar no pára-quedas, mesmo com vento adverso e arriscando uma entorse, poder ter que vir a dizer: “Desolé, Mr. Le Président”.

Na fotografia, a janela da esquerda, o lado em que o coração pulsa, parece semi-aberta; sem um coração – ao menos - semi-aberto não há liberdade, igualdade e fraternidade que resistam.

Bom dia 14 de Julho!

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