sábado, 31 de dezembro de 2011

Conversas que mudam de cor


Andava há já uns tempos à procura de uma carteirinha de cabedal para pôr trocos como a que o meu avô Ferreira usava; dentro, havia moedas da obra de vimes e de outros cantos da vida. O cabedal, como a vida, ia mudando de cor conforme o uso.

Há dias, no Largo da Restauração, no Funchal, (re)encontrei o senhor que trabalha com cabedal e que tinha as - infelizmente já caídos em desuso - carteiras. “Os chineses vendem estas carteiras, em plástico, a €2 e €3 e as pessoas compram. Os taxistas já não as usam”. O que ele não sabia é que eu tinha perguntado a um taxista amigo da botânica e das línguas, em suma, curioso da vida, onde poderia encontrar estas carteirinhas. Quando a encontrei, fiquei contente; foi como dar um abraço ao meu avô. Da próxima vez que transportar troco, fá-lo-ei na minha carteira de cabedal da Madeira, enquanto a cor da vida vai mudando.

O Largo da Restauração leva o nome de todo um percurso histórico, que, em 2012, não será lembrado com um feriado mas eu nunca me esquecerei que o Largo da Restauração restaurou-me o gosto de guardar trocos nas carteiras de cabedal do meu avô.




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