sábado, 28 de setembro de 2013

Algures, em Londres, no Dia Internacional dos Direitos Humanos

(À procura de uns papéis, encontrei este escrito no verso de uma folha que reproduzia a Carta de D. Manuel para os Reis Católicos, o manuscrito com o original da Carta que, em 1501, D. Manuel enviou aos Reis Católicos descrevendo a viagem da frota de Pedro Álvares Cabral).

Numa rua de Londres, há alguém cabisbaixo, com a face escondida. Vemos apenas, daquele monte humano, uma parte dos pés – como uma estátua de um deus do Olimpo – onde ainda se conseguem entrever os pés ou parte deles – o que parecem umas pernas e um gorro onde está escrito “London”. “London” será, provavelmente, uma formação, que, inicialmente, humana, por vezes, não tem face; quer dizer, face tem, mas está escondida. Às vezes, a face encontra-se num daqueles muitos jardins privados cujas grades não conseguem conter o chilrear dos pássaros, mas, muitas vezes, a face está sentada na rua, encoberta, com um gorro ou um boné e uma mão estendida; e nós? Europeus co-titulares de um Prémio Nobel da Paz o que fazemos para que esta face não se mantenha encoberta?

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