segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Ciclista

E que alegria foi encontrar o link para aquela revista da TAP, por onde passava os olhos, naquele dia em que voava para celebrar os meus 30 anos com a minha família. O destino levou-nos a Óbidos e, antes ou depois de bebermos a ginjinha em copos de chocolate, passámos por uma das lojinhas que ainda vendia brinquedos de madeira e, de repente, vi o brinquedo que me capturara a atenção ainda há uns dias. Era o exemplo de um saber português que, quando passava, produzia sons de campainha. Hoje em dia, quando um português passa, que barulhos provocará? Desde os meus trinta anos até agora, a madeira passou a ser não apenas o produto com que se fabrica este brinquedo mas também ela própria um brinquedo; e é muito triste quando assim acontece porque a Madeira não é um brinquedo.

Recordo-me bem de passear o ciclista e a pombinha que não o largava por Óbidos, Lisboa, Alentejo e o Cromeleque dos Almendres; na volta, os apertadinhos aviões quase não queriam aceitar o ciclista mas, com muito afinco, ele cá chegou. Depois, foi a viagem até ao Kosovo, o exílio dourado (porque nas mãos de um amigo de confiança) de três meses, à espera que o dono desse um rumo à vida depois do interregno genebrino. Operou-se o regresso ao Kosovo, uma nova casa e a entrega do ciclista. O ciclista mudou-se comigo para Estrasburgo, mas, no entretanto, a visita de uma amiga fez com que – como bom português que é – o ciclista partisse até São Paulo, onde passou o seu primeiro Natal-Verão este ano. Na verdade, são os brinquedos que escolhem os donos e não vice-versa. Seria também esta emigração uma premonição das declarações futuras do primeiro-ministro português?

É com muita pena que leio no sítio electrónico da “Santos Ofícios”, onde se albergam muitos ciclistas, que, desde Outubro de 2007, cancelaram as suas viagens de investigação (do artesanato português); já então se ambicionava retomar tal iniciativa quando o ambiente económico fosse mais favorável; o leitor poderá adivinhar o resto da estória.
Certamente que, da próxima vez que passar pela "Santos Ofícios", por Óbidos ou por outra lojinha onde ainda se venda artesanato português, perscrutarei os ciclistas para ver se há algum que queira vir comigo.

1 comentário:

  1. Eu também adoro issos brinquedos e o seu significado. Agora è o meu filho quem passeia a diario a pombinha em madeira, comprada em Evora. E nao se cansa. Mesmo se a tecnologia e adictiva, ele nao esequece o prazer de passeiar os brinquedos em madeira. Parabéns Marco por o Blog. Beijinho... Helena

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