segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Praia da Árvore

Costumo abrir o pórtico dos meus dias com o noticiário da rádio, em português. Hoje, apanhou-me de surpresa a notícia que as buscas de um senhor que desapareceu enquanto fazia parapente reiniciaram-se na Praia da Árvore. Durante o fim-de-semana, tinha-me sido dado a conhecer (apesar do que a gramática possa indicar, não há certamente apenas uma passividade no conhecimento) a poetisa colombiana Graciela Rincón Martínez. Graciela viaja pelo mundo - talvez para combater os “rincones”, o seu nome do meio e os cantos existentes no mundo, onde se deixa de ver o outro – fazendo o que se poderia literalmente apelidar de árvore genealógica, falando com as árvores que a habitam mesmo que as veja pela primeira vez nos jardins por onde passa (o título da edição especial que me foi apresentada é “L’arbre qui m’habite/El árbol que me habita”). Graciela vê amigos onde outros vêm raízes e abraça velhos conhecidos onde outros apenas vêm árvores. Graciela nunca se sente só nas suas viagens porque tem as árvores que encontra pelo caminho e as árvores têm-na a si.
Graciela provavelmente não saberá da existência da Praia da Árvore, em território continental português; quanto a mim, espero que o golpe d’asa do senhor des-aparecido e as raízes da Gabriela se encontrem brevemente. Como dizia a Debora Noal (v. post de 29 de Setembro) “as minhas raízes são aéreas”.

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