sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Andrea com acento

Há que saber, primeiro, que ela não se chama Andrea mas Andréa, Andrea com acento; ela lembra-nos já no nome que a língua portuguesa não é insonsa; tem acentos, muda de ritmo e timbre; enxuga e, às vezes, estuga-nos o passo. Talvez melhor ainda do que a sua escrita - Andréa acaba de ganhar o Prémio Saramago 2011 - é o seu sorriso; sorriso que derreteria toda aquela neve que, nesse mesmo dia, se abatera sobre a Serra da Estrela. O mote do doclisboa que agora decorre é “em Outubro, o mundo inteiro cabe em Lisboa”. De alguma maneira, pareceu-me que a língua portuguesa cabia toda no sorriso - todo ele já parte da escrita - da Andréa.

“Os Malaquias [o título do romance premiado] trouxeram-me para a Pátria Mãe da Língua [Portugal]” dizia a Andréa del Fuego à jornalista. Andréa Fátima dos Santos, a pessoa por detrás da escritora, está grávida – Andréa del Fuego está grávida em permanência. As duas – Andréa Fátima dos Santos e Andréa del Fuego - tinham pensado em Francisco como nome do menino-por-vir; Pilar del Rio disse-lhe que José talvez não ficasse mal; agora, há uma grande probabilidade do menino chamar-se Francisco José (o arquiduque literário).

Hoje, leio que Nicinha, irmã mais velha de Caetano Veloso e Maria Bethânia perecera, estando há já algum tempo internada no hospital português. O hospital português levou parte do que a maternidade da língua portuguesa trouxe.
  

1 comentário:

  1. A caminho do Caldeirão Verde, lembrei-me de algo que ficou, involuntariamente, fora deste post. Na quinta à noite, ouvia, na Antena 1, uma reportagem realizada em Ponte de Lima. Uma senhora Venezuelana dizia à jornalista que a sua língua portuguesa (ainda) estava a crescer. Fiquei a pensar que a língua portuguesa está-nos sempre a crescer!

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